quarta-feira, 14 de outubro de 2020

O filho do Porco

    Eu nunca entendi como açougueiro era um homem tão sorridente e feliz, andava sempre alegre e cumprimentava a todos, ele possuia um negócio movimentado e próspero, certamente alguém admirável e que era querido por todos. Eu o invejava, era um homem que passou por tantas dificuldades, mas ainda assim ele ainda mantinha o sorriso no rosto. Além disso tudo, sempre ouvia de sua filha que ele era um ótimo pai, companheiro e presente. Naquela época ela era tudo o que ele tinha, apesar das dificuldades ele sempre estava alegre. Depois da morte da sua filha, ele continou alegre. Um homem forte e contente. Quando eu o encontrei ele também estava sorrindo. Ele continou sorrindo enquanto vinha em minha direção, afinal ele era um homem alegre. Eu também sorri, não é sempre que se encontra alguém com um sorriso tão contagiante. Seu sorriso se extendeu desde o nosso encontro, até o momento que fui comprado. Eu imagino que ele tambémestava sorrindo enquanto vendia sua filha, assim como sorriu enquanto vendia os filhos de tantos outros. No fim eu acho que entendi o motivo de seu sorriso, assim como eu espero que outros entendam. Acho que também devo dizer.

Cuidado com aqueles que sorriem demais


sexta-feira, 9 de março de 2018

O Cântico

    Só me lembro de eu ter desmaiado. Pois quando acordei eu já estava preso. Com aquelas algemas frias presas ao meus braços e minhas pernas. Estava escuro, apenas algumas poucas tochas ilumiavam a sala que fedia a mofo, também era possivel ouvir sons de gotas, caindo do teto em algum lugar proximo a mim. De um corredor vinha um vento gelado e fétido, e da la começaram a sair pessoas. Umas três no total, estavam todos encapuzados, mas ainda assim por baixo do capuz era possivel ver seus rostos. Possuiam uma pele extremamente branca, com uma tatuagem em forma de corte nos olhos, verticalmente. Um da esquerda possuia um bisturi, o da direita um pequeno pote, e a mulher que estava o meio, um curioso livro preto. Eles chegaram perto da mesa de metal a qual eu estava deitado, e assim o da esquerda abriu minha barriga usando o bisturi, e com isso ele foi me dissecando, e de acordo com que o tempo foi se passando o da direita colocava meus orgãos naquele pequeno pote, a unica que se mantinha quieta era a mulher que estava ao meio. Até que finalmente, colocaram meu coração no pote, e assim o homem que retirava meus orgãos, se retirou daquela fedida sala. O rapaz do bisturi mumurrou algo no ouvido da mulher, e assim ele também se foi, ficando só eu e a mulher naquele quarto. Ela abriu o livro negro e começou a entoar alguns cânticos incompreensíveis. Ela continuou a cantar, mas a partir da primeira frase, aqueles homens voltaram e começaram a me puxar pra fora da sala, mas eu não queria sair, então resisti. E a mulher continuou a recitar aquele cântico e os homens começaram a me puxar mais forte, eram dois contra um, e eu eventualmente cedi, o que me surpreendeu foi que na hora em que meu corpo abriu os olhos, eu morri.